Paulista, o escritor Cassiano Nunes chegou em Brasília em 1966. Seus amigos o consideravam um boêmio que não bebia. Passava madrugadas percorrendo as ruas da Asa Sul, imerso em delírios poéticos, observando os guindastes que erguiam a cidade erma. Dizia ter a sensação de estar na zona portuária de Santos, onde nasceu.
“O Cassiano era uma pessoa que não tinha uma ligação de raiz com Brasília, mas encontrou tranquilidade e paz de espírito aqui. A identificação com a cidade veio junto”, conta o cineasta Vladimir Carvalho, com quem Cassiano costumava se encontrar em seus passeios noturnos.
O poeta era filiado ao Sindicato dos Escritores do Distrito Federal, à Associação Nacional de Escritores e à Academia Brasiliense de Letras. Participou de periódicos e de antologias de poesia organizadas em Brasília.
“Pertenço à classe dos escritores brasileiros, o que me faz estar ligado íntima e afetivamente à cultura do Brasil”, dizia. “Embora eu não tenha conhecido muitos escritores pessoalmente, respeito-os pela literatura e pelo patriotismo, pois, como dizia meu amigo Mário de Andrade, ‘Da terra somos o grande milagre do amor’”.