Virgílio Mota (Amargosa, BA, 56 anos) é artesão e contador de histórias. Neto de avó carpinteiro, desde criança construía seus próprios carrinhos de rolemã e pernas-de-pau. Trabalhou em marmoraria, foi garimpeiro, pescador, agricultor, construtor civil, vendedor e caminhante – trajetória que lhe garantiu conhecimentos de vida e habilidades manuais que se reinventam no artesanato.
Sua vida sempre foi dedicada ao fazer, e foi fazendo que inaugurou o espaço Tempo Eco Arte, ateliê livre para artes e ofícios, localizado na QSB 13, em Taguatinga Sul. “Nasci com vocação nenhuma para ser patrão, nem empregado”, conta. O artista transforma materiais, como sacos de cimento de papelão, em móveis e instrumentos musicais. “Trabalhamos com o conceito de reciclagem. Por ignorância, desperdiçamos matéria-prima valiosa. Papelão só é lixo para os olhos que o veem como lixo. Para mim, é uma raridade”. Para confeccionar os objetos, nada além de tesoura, cola, cera e criatividade. “Não há nenhum tipo de reforço, é tudo de papelão mesmo. Um dos tratamentos é lavar os sacos de cimento para tirar os restos de massa”, detalha.
Virgílio foi reconhecido pelo projeto Ação Griô do Ministério da Cultura, que visa a incentivar a transmissão de conhecimento dos mestres griôs – contadores de histórias africanos – nos pontos de cultura popular espalhados por todo o Brasil. “O trabalho dele é impressionante. Aqui é uma grande escola, todos os dias aprendemos uma infinidade de coisas”, diz o estudante, aprendiz e brincante do grupo de cultura popular Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, Marcelo Fernandes.
Há dois anos, Virgílio realiza oficinas de confecção de objetos de papelão, reciclagem e seleção do lixo com adolescentes e alunos de escolas públicas no Sítio Geranium (que fica na via de ligação entre Taguatinga e Samambaia), além de trabalhar na Assistência Social Casa Azul, em Samambaia.