Poeta, escritora, atriz e diretora, a carioca Cristiane Sobral chegou no Distrito Federal ainda adolescente, e diz ter se naturalizado brasiliense “por afinidade”. Cursou Artes Cênicas na Universidade de Brasília e, lá, levantou debates sobre desigualdade racial e representatividade negra no teatro, gerando uma luta contra o racismo institucional e um espaço de visibilidade para atores negros, antes não encontrado na Academia.
Mais tarde, descobriu-se escritora. Com títulos como Não vou mais lavar os pratos e Só por hoje vou deixar meu cabelo em paz, Cristiane escreve sobre sua realidade e sobre a realidade de tantas mulheres que passaram por sua vida – suas muitas mães -, utilizando um discurso forte, que expõe o racismo e o machismo ainda tão presentes na sociedade. Para ela, escrever é resistência; uma forma de desafiar padrões.
Influenciada pelo teatro, a poesia de Cristiane Sobral começou a ser apresentada ao mundo por meio de suas declamações, em reuniões entre amigos que, juntos, iam se descobrindo artistas. Portanto, pode-se dizer que Cristiane Sobral foi pioneira no movimento dos saraus nas periferias do DF, transformando casas e espaços públicos em centros de resistência inventiva.