Natural de São Paulo, Paulo Iolovitch é gaúcho de formação e brasiliense por adoção. Artista desenhista, gravurista, pintor e, sobretudo, vendedor de rua (como ele mesmo frisa), reside na 304 Sul, em sua casa-ateliê. Morador do DF desde 1962, por anos foi frequentador assíduo do Beirute da Asa Sul e de outros bares, por onde passava vendendo suas telas, a ponto de ficar conhecido pela cidade.
Nos anos 1980, o artista abandonou os bares. “Gosto muito de bar, sempre gostei. Mas já estava desanimado. Não sei se é um abandono definitivo, mas, sinceramente, não estou sentindo falta. É bom mudar, evoluir. Sou um mutante”, revela. O artista montou uma galeria a céu aberto no jardim da quadra onde vive. Pendurou suas telas num varal de barbante, de forma que os passantes pudessem contemplar e adquirir seu trabalho. “É a melhor galeria de arte do mundo. Precisava continuar vendendo as minhas pinturas, ganhar dinheiro, e aí veio essa inspiração. Você encontra as pessoas, elas dão sugestões. E a cada dia temos uma exposição diferente, porque, a todo instante, troco as telas. Dou uma espiada pela janela, aí de repente desço, substituo uma tela ou outra. Expor a céu aberto é uma nova fase na minha vida e espero que inspire outros. É ao mesmo tempo uma exposição de arte e uma forma de intervenção urbana”.
Azul já expôs em galerias brasileiras e estrangeiras ao longo dos seus 60 anos de atividade. “Sempre quis ser artista. Pinto todos os dias. A inspiração vem e aí me debruço sobre as tintas. Faço de tudo”. O artista, que sempre foi Azul, resolveu mudar de nome. Hoje, assina como Auroro, e o risco azul de assinatura se transformou na letra A. Por que Auroro? “Eu auroro, tu auroras, ele aurora, nós auroramos”, justifica.
As telas de Paulo podem ser consideradas documentais, pois retratam o cotidiano da cidade e de seus habitantes, como em uma série que pintou sobre o Conic. Trata-se de um artista que representa um pouco de Brasília, de nós, dos nossos amigos, dos espaços e da história desses espaços.