Wagner Hermusche (de origem libanesa e japonesa, nasceu no Brasil em 1953) é artista visual, fotógrafo e designer especializado em história da arte. Começou a desenhar em 1968, passando a trabalhar com fotografia a partir dos anos 1970, e artes gráficas nos anos 1980, sobretudo com serigrafia e pintura.
Suas exposições são multitemáticas – focadas especialmente na questão ambiental – e trabalham a interação entre suportes tradicionais e mídias telemáticas. Ao longo de sua carreira, realizou mostras e workshops em diversos países. Entre elas, a exposição A cidade através das janelas reuniu mais de 30 desenhos, feitos a partir da vivência, observação e reflexão sobre o modus vivendi de Brasília, notando a plasticidade dos espaços, dos vazios, da iluminação, dos raros pedestres etc.
Autodidata, Hermusche leva para seus trabalhos preocupações que dizem respeito ao destino da humanidade e do planeta. “Meus pilares são os de sempre: as grandes corporações, os meios de comunicação de massa, a liberdade, o terrorismo etc”, explica. No texto de apresentação de seu portfólio, Hermusche faz uma espécie de manifesto para explicar as ideias contidas nas obras. Fala do consumismo exacerbado, do “lixo ético, moral, material e químico” produzido pelo homem, da corrupção e de como as grandes corporações controlam e manipulam a informação – tudo isso evidente de forma dramática em suas pinturas, nas quais um conjunto de símbolos constrói suas metáforas. Ele vê poucas saídas para os impasses contemporâneos, mas recicla o que pode: vive em uma chácara no Paranoá, na qual planta parte do que come, não tem carro e se locomove de bicicleta.
Em se tratando de Brasília, Hermusche sempre preferiu as noites, refratadas pelas luzes da cidade, numa visão impressionista e cinematográfica. Desenha a capital com o gesto visceral dos grafites, das granulações de vídeo, das rasuras do traço e da inconclusão de um esboço, humanizando Brasília, evocando sobre ela um ritmo instável. Hermusche participou do movimento Cabeças durante a década de 1980, que ocupou, pacificamente, as superquadras de Brasília com música, artes plásticas e performances teatrais e poéticas.
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