Luis Humberto Miranda Martins (Rio de Janeiro, RJ, 1934) é fotógrafo e professor. Formado em arquitetura, em 1959, pela atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, integrou, em 1962, a equipe de professores que fundou a Universidade de Brasília, na qual lecionou inicialmente Arquitetura e Urbanismo e, depois, Fotografia. “Minha relação com a universidade é de paixão absoluta. Entrei na UnB antes de existir a UnB”, conta.
Em 1966, passou a atuar como fotógrafo profissional, especialmente na área de fotojornalismo, trabalhando para algumas revistas e jornais conhecidos nacionalmente. Também produzia fotografia autoral, dividindo-se entre a documentação de Brasília e ensaios intimistas de caráter autobiográfico.
Ficou afastado da UnB durante todo o regime militar, voltando apenas em 1985. Em 1992, tornou-se o primeiro professor titular da disciplina de Fotografia numa universidade brasileira. “Na UnB, quando voltei, fiz parte da comissão dos 50 anos, e isso me emociona, porque [a UnB] está muito dentro de mim”, conta. Luis foi um dos fundadores da União dos Fotógrafos de Brasília, entidade pioneira no gênero no Brasil.
Sobre Brasília, o artista diz que pensava que o tempo não seria aliado de um projeto tão pretensioso: “quando fiz aquela curva da rodoviária, que vira para o Congresso, vi aquele espaço… Nunca tinha visto um troço daquele tamanho, pensei: ‘isso não vai ficar pronto nunca”. Mas a cidade vingou, ele ficou e se tornou personagem da história da capital, onde construiu família e teve netos. “Essa cidade, na verdade, é a culminância de um processo de afirmação brasileira. Tinha o Cinema Novo; a indústria automobilística; a Bossa Nova; uma Brasília feita no ‘interiorzão’, feita, apaixonadamente, por mão de obra brasileira”.
Hoje, décadas depois, Luis perdeu seu ufanismo pela capital. “A cidade sempre foi careta, sempre foi. As pessoas passam e são alheias a você, como se não você existisse. Já foi melhor, as pessoas eram muito solidárias. Mas gosto daqui, meus filhos todos nasceram aqui. Minha vida toda foi feita aqui”. De qualquer forma, Luis acredita que Brasília corre o risco de ser um aviãozinho cercado por torres de todos os lados, como sugeriu a arquiteta Maria Elisa Costa. “Qualquer ano vem um bando de velhinhos estrangeiros passando aqui no ônibus turístico e vão mostrar ‘Brasília Vieja’. A voracidade dos empresários é imensa”.