Márcio H Motta (Brasília, 1983) é artista visual e trabalha com mapeamento de vídeo, uma técnica que consiste em projetar imagens em movimento sobre objetos ou superfícies irregulares. Em um de seus trabalhos, por exemplo, ele aproxima (literalmente) o video mapping da pintura quando, sobre uma tela a óleo onde fez um autorretrato, projeta uma segunda imagem, criada por software e formada por diversas superfícies coloridas que vão se movimentando, transformando a tela em uma pintura que se move.
O artista trabalha bastante com a projeção de elementos contraditórios, como rostos adultos sobre bonecas infantis, trazendo à tona, de forma perturbadora, a perversidade escondida nos elementos do universo infantil, ou revelando algo que não é aquilo que parece ser. Além disso, trabalha com a cultura de massa, desconstruindo ícones, muitas vezes apreendidos como ídolos, e estabelecendo novas relações entre eles.
Foi um longo e pessoal caminho para que chegasse a este momento da carreira. Seu trajeto passou pela música, quando tocou na banda de punk rock Gilbertos Come Bacon. A partir daí, começou a fazer vídeos para o coletivo Corpos Informáticos, de Bia Medeiros, sem nunca antes ter se sentado numa ilha de edição, muito embora já fosse estudante de artes visuais na Universidade de Brasília. “Trabalhando com a Bia e com o grupo, aprendi a ser experimental, aprendi a não ter ideias pré-concebidas. E aprendi, ao mesmo tempo, a ter a disciplina necessária para desenvolver um trabalho, fazer projetos, participar de editais, encarar a arte como uma profissão”, conta Márcio.
Ao lado de um colega de faculdade – Fernando Aquino -, Márcio montou o coletivo de video mapping Tutameia, com que deu início ao trabalho com a linguagem que hoje utiliza. “Para além da narrativa, entendi o vídeo como uma plasticidade. O vídeo está para mim como a tinta está para um pintor ou como a argila, para um escultor”, compara. Premiado, Márcio já expôs, individual e coletivamente, em diversas galerias renomadas no DF e no Brasil.