Rubem Valentim (Salvador, BA, 1922 – São Paulo, SP, 1991) foi um escultor, pintor, gravador e professor que tinha como referência o universo religioso relacionado ao candomblé e à umbanda: suas ferramentas de culto, estruturas e símbolos dos orixás. Esses emblemas são originalmente geométricos, mas, em suas telas, Valentim os reorganiza, com, entre outros artifícios, movimentação de cores. Além de pinturas, ele fez murais, relevos e esculturas monumentais em madeira, mantendo-se sempre constante em sua poética.
Começou a produzir na década de 1940, como pintor autodidata, e, entre 1946 e 1947, participou, junto a outros artistas, do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia. Em 1953, formou-se em jornalismo pela Universidade da Bahia, residiu no Rio de Janeiro entre 1957 e 1963, e depois em Roma, entre 1963 e 1966. Em 1966, participou do Festival Mundial de Artes Negras, em Dacar (Senegal), e, então, retornou ao Brasil, para Brasília.
Na capital, lecionou pintura no Ateliê Livre do Instituto de Artes da Universidade de Brasília e fez sua primeira obra pública: um mural de mármore para o edifício-sede da Novacap (1972). A obra de arte considerada o Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira é de sua autoria: uma escultura de concreto aparente, instalada na Praça da Sé, em São Paulo.
Apesar de ser considerado um pintor construtivista, Rubem Valentim rejeitava qualquer associação de seu trabalho com correntes europeias, especialmente com a arte concreta, reafirmando o caráter exclusivamente nacional de sua produção. “Minha arte tem um sentido monumental intrínseco. Vem do rito, da festa. Busca as raízes e poderia reencontrá-las no espaço, como uma espécie de ressocialização da arte, pertencente ao povo. Meu pensamento sempre foi resultado de uma consciência da terra. Venho pregando há muitos anos contra o colonialismo cultural, contra a aceitação passiva, sem nenhuma análise crítica, das fórmulas que nos vêm do exterior”. Valentim era a favor de um caminho voltado para as profundezas do ser brasileiro, suas raízes, seu sentir.
Sete anos após sua morte, em 1998 o Museu de Arte Moderna da Bahia inaugurou a Sala Especial Rubem Valentim, no Parque de Esculturas.