Miguel Simão (Araguari, MG) se considera um artista brasiliense, pois vem desenvolvendo sua carreira no DF há 25 anos. É professor de escultura na Universidade de Brasília, onde também se graduou. Formou gerações de artistas brasilienses ao longo de anos. Em sua obra, Miguel flerta com o universo popular e com o mundo pré-moderno, além de brincar com o sonho, o fetiche, o invisível, utilizando-se de materiais dos mais diversos tipos.
Em 2017, junto a seus alunos e com apoio do FAC, apresentou uma série de trabalhos ao Museu Nacional, chamada Aquários, escafandros e outros dispositivos de imersão. A exposição homenageou seu legado e a história da escultura como linguagem artística. Ele instalou duas bigornas vermelhas: uma no espelho d’água do Museu, e outra bem no final da rampa de entrada. “Esse trabalho, quem assina é o Simon Coast. Ele é um personagem, o meu duplo, ou sei lá o quê. Ele tem uma pegada bem mais performática. Ele atinge os espaços públicos. Chama a atenção pela cor, como se fosse um marco na cidade. No alto da rampa, a bigorna funciona como um portal para o museu”. A obra se compôs por outras instalações que fizeram um contraste de procedimentos e materiais e evidenciaram a trajetória do artista, também dando um vislumbre de seu futuro. Outros elementos presentes na obra foram esculturas pequenas em contraposição às gigantes e gritantes instalações, máscaras ou escafandros autoiluminados com luz de led, salas escuras com focos de luz que individualizaram cada objeto, totens etc.
“Meu trabalho concilia a tradição da escultura com a minha psiquê. Portanto, a condição humana está sempre presente. Cada peça representa um estado mental da humanidade. Como essas cabeças são todas ocas, como escafandros atmosféricos, a ideia é que você possa vestir essas peças para enxergar o mundo de forma alucinada, através dos olhos desses personagens”. Enquanto a exposição corria, Miguel continuou acrescentando e tirando elementos. “Nunca estará pronto”, comentou na época.