O artista visual Gê Orthof trabalha com instalação, performance, vídeo e desenho e leciona no Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Premiado no Brasil e no exterior, realizou diversas exposições.
Filho da escritora Sylvia Orthof, Gê nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 1959. Gê chegou em Brasília com um ano de idade e presenciou de perto a poeira vermelha do cerrado, a construção delirante de uma cidade, sua projeção para o futuro e o horror do golpe militar de 1964. Para Gê, Brasília simboliza o futuro. No entanto, avalia que a cidade passa por um processo de burocratização que asfixia a criação. “A própria UnB, que era um dos projetos pedagógicos mais revolucionários do mundo, virou a coisa mais reacionária”.
De qualquer forma, Gê revela que a arquitetura da cidade impregnou-se em suas impressões e estimulou seu trabalho com instalações. Em entrevista, comentou como o espaço da capital o ajuda a se conectar com questões fundamentais, que só apareceriam na amplitude vazia. “Só podia ser no deserto, só podia ser no silêncio”, diz o artista. “Monumental é o vazio do eixo”, comenta, ao lamentar a visão errônea que pessoas – inclusive artistas – possuem da capital, pois, mesmo dentro da cidade, não percebem seus vazios. Para ele, a arquitetura da cidade é uma maquete que evidencia a grama e o céu.